Porque o racismo existe
O racismo machuca,
corta a pele, invade a nossa mente e causa perturbação…
Gente, isso não é coisa
da nossa cabeça!
Ao contrário, o racismo
parte da cabeça do sujeito racista, e nos atinge como uma flecha.
Às vezes, o corpo até
arrepia, né?! Os olhos ficam marejados, dá vontade de chorar, né?!
Sabem por quê? Porque estamos
falando das nossas raízes!
Somos povo, memória,
glória… Somos ancestralizados e
marcados pela história… Somos presente e lutamos por um mundo melhor.
Mas o racismo nos
coloca como feios, burros, inúteis, preguiçosos, inferiores, incapazes, inexistentes,
matáveis, doentes, invisíveis, mentirosos e desprezíveis…
Duvidam das nossas
narrativas sobre o racismo, como se fôssemos culpados do racismo que sofremos:
“A culpa é sua. Quem mandou ser preto?!”.
Não coloquem na minha
conta, essa culpa. Não vou pedir desculpas.
Vejam esse caso: Jovem
negro e periférico, ao sair de casa, diz:
– “Bênção, mãe! Tô
saindo!”
A mãe, por sua vez,
responde:
– “Meu filho! Pelo amor
de Deus, volte vivo. Volte vivo, porque você é tudo o que eu tenho. Se eu te
perder, eu me perco também.”
Falas de mãe mexem
comigo. Voz de mãe preta é voz de África, e não podemos nunca nos esquecer
disso.
Temos o direito e o
desejo de sair sem morrer, de passar pelo outro, na mesma calçada, sem que o medo
imponha desvios. De respirar sem sermos estrangulados e asfixiados, nas praças,
nos supermercados e, até mesmo, dentro de casa.
Alimentemo-nos da chama
da justiça e da felicidade, considerando uma simples e importante questão:
Se o racismo atua até
pelo ar, de qual outra maneira, mais, poderá nos afetar?