CONTADOR DE VISITAS : 437377

CONTADOR DE VISITAS : 437377

OUÇA AGORA

NÃO É POUCA BOSTA

Saco de Batatas

Lembro-me que, quando criança,

Nos momentos de tristeza,

Ou perante alguma situação conflituosa,

O choro era um recurso importante…

 

Meu pai, ao me ver chorando,

Tocado por minhas lágrimas ou minha feição triste,

Dizia:

 

“Não fique assim.

Você é um homem ou um saco de batatas?”.

 

Às vezes, eu falava:

“Um saco de batatas, pai!”.

 

Por mais que o relato pareça ser de tristeza,

O contexto me fazia rir e sentir melhor.

 

Pois eu lhe respondia ao contrário do que ele esperava ouvir.

E eu achava muito engraçado o modo como ele reagia, brincando:

 

“Você é um saco de batatas?!”.

 

Meu pai era assim: um homem simples, não alfabetizado.

Utilizava o recurso que possuía. Não o julgo. Não o julgue.

 

Ser um “saco de batatas” trazia o sentido de ser inerte, de não poder reagir.

[Aqui, batatas não falam.]

De, a qualquer momento, ser descascado, amassado, cortado, frito ou virar purê.

 

E, ser homem, não trazia o teor de não poder expressar minhas fraquezas.

Não era no sentido de que “homem não chora”, tampouco de superioridade.

 

Para ele, dizer “homem”, era o modo de me posicionar perante a situação.

De me acalmar, para então me ouvir, mesmo chorando.

 

E você?

É um ser humano ou um saco de batatas?

 

(Vulgo Elemento)

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *